segunda-feira, 15 de agosto de 2011

...um pote II... penso em 15/08/11

Foto Nara Marx - 2006



Quem é você? Quem sou eu? 
Sei apenas que navegamos no mesmo barco furado
(CFA)

... e não adianta me culpar pelo furo. Eu que não ando de salto - chinelos velhos, já gastos - não tenho lá muito peso apesar de ter engordado um pouco. eu que não uso bengala. Eu que não sei dessas águas, são vastas, das pedras que podem ter furado o barco. Eu não sei.
Não sei se entrei já estava assim ou se ficou assim, mas não posso mexer no que foi... sei que estou aqui, no barco.
De nada vai adiantar procurar um responsável pelo furo. De nada vai adiantar relegar a mim o furo, eu só estou no barco, de passagem e coincidentemente as pessoas se conhecem, não sei bem porquê.
A água entra, entra, entra e toma o barco, a busca de um culpado pelo furo não tapa o furo e não baixa a água.
Ou você pega aquele balde e começa a jogar a água pra fora, como todos aqui, ou deixa encher e te engolir já que não acha-se (ou se acha) o responsável pelo furo. O que de fato é bem mais fácil, culpar alguém pelas mazelas do mundo.
O mais engraçado é que é o nosso mundo, nós o fazemos e as mazelas nunca são nossas...
Mas enfim sei que "Debaixo d'água tudo era mais bonito, Mais azul, mais colorido", mas não se esqueça que tem que respirar, todo dia.
Sem respirar ninguém fica.
Ou fica...
Mas eu não fico... (eu tenho um balde)


Um comentário:

  1. Nara. Adorei! É, eu também não uso salto, nem bengala, nem.. o que mais causaria um furo no barco? Eu pensei que talvez de tanto dançar, de tanto dançar, os pés podem tem gasto o chão até furar. Isso não seria nada mau. A gente pega chicletes mascados e tapa o furo. A água vai entrar e formar bexigas de chiclete com agua. Quem nunca fez guerra de bexigas com água? Mas não vai adiantar, a água vai continuar entrando. E agora? A gente cansa, senta na beirada no barco, meio como criança emburrada que lembrou que precisa tomar banho: precisamos tapar o buraco do barco. Precisamos tapar o buraco do barco. Precisamos tapá-lo. Ou a gente pode perceber que de repente por sorte o dia passou e o barco já enroscou na areia e o mar já dá pé. Acho que deixo o barco furado e vou ali no quiosque comprar uma água de coco e ficar um pouco debaixo da sombra. Sabe, o sol, o sal, tudo demais queima, e eu preciso de um filtro solar. Depois a gente pega uns cilindros de oxigênio e ok, debaixo dágua tudo fica mais bonito mesmo. "Todo dia, todo dia, todo dia..."

    ...

    Meu, o barco tava furado! Tá, eu sei nadar, mas e os tubarões? Ó, vou pegar esse barco, comprar um monte de tinta colorida, pintá-lo e colocá-lo no meio da minha sala, ele vai virar um banco pras visitas, pras pessoas, pras conversas que hão de chegar.

    Pelas reciclagens.
    Pelas reconsiderações.

    Bjo!

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