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Foto de Nara Marx
Cada um doa o que pode |
Poema da necessidade
Carlos Drummond de Andrade
É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO
POEMA DA NARACESSIDADE
(com participação especial de Carlos Drummond de Andrade)
É preciso casar
É preciso suportar
Odiar
É preciso substituir nós todos
É preciso salvar o país e crer em deus
É preciso pagar as dívidas para comprar um rádio
É preciso esquecer (ou fingi-lo)
É preciso estudar (para quê?)
É preciso estar sempre bêbado
É preciso ler
É preciso plantar e (talvez) colher flores
de que os autores falsos e mentirosos não rezam e nem colheram
É preciso viver com os homens (sentido genérico)
Embora não tenha escolhido tal
E, então, por educação e (auto) preservação
É preciso não assassiná-los
É preciso ter mãos, boca, força
É preciso logo, que se anuncie o fim do mundo
É preciso e preferível estar louco
(Idos de 2002???)
"é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte..."
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