sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Uma madruga, um resgate...


Foto de Nara Marx
Cada um doa o que pode



Poema da necessidade
Carlos Drummond de Andrade

É
preciso casar João,
é
preciso suportar, Antônio,
é
preciso odiar Melquíades
é
preciso substituir nós todos.
É
preciso salvar o país,
é
preciso crer em Deus,
é
preciso pagar as dívidas,
é
preciso comprar um rádio,
é
preciso esquecer fulana.
É
preciso estudar volapuque,
é
preciso estar sempre bêbado,
é
preciso ler Baudelaire,
é
preciso colher as flores
de
que rezam velhos autores.
É
preciso viver com os homens
é
preciso não assassiná-los,
é
preciso ter mãos pálidas
e
anunciar O FIM DO MUNDO

POEMA DA NARACESSIDADE
(
com participação especial de Carlos Drummond de Andrade)

É
preciso casar
É
preciso suportar
Odiar
É
preciso substituir nós todos
É
preciso salvar o país e crer em deus
É
preciso pagar as dívidas para comprar um rádio
É
preciso esquecer (ou fingi-lo)
É
preciso estudar (para quê?)
É
preciso estar sempre bêbado
É
preciso ler
É
preciso plantar e (talvez) colher flores
de
que os autores falsos e mentirosos não rezam e nem colheram
É
preciso viver com os homens (sentido genérico)
Embora não tenha escolhido tal
E,
então, por educação e (auto) preservação
É
preciso não assassiná-los
É
preciso ter mãos, boca, força
É
preciso logo, que se anuncie o fim do mundo
É
preciso e preferível estar louco

(Idos de 2002???)

Um comentário:

  1. "é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte..."

    ResponderExcluir

Impressões: