Não, eu não combinava com suas paredes brancas.
Com suas cores brancas.
Com seu preconceito branco.
Com seu machismo feminino.
Com seu status branco.
Guardo em mim um discurso igual.
Guardo seu medo infantil.
Um cheiro de sabão em pó.
Sua imagem branca junto a parece branca.
Um gosto verde.
Um ego contemplado.
Uma sensação de usado.
Nada que altere meus dias e minha vida.
Não guardo nada de importante.
É seu o medo.
É sua a dor da existência (que é tão simples, é existir e contemplar).
É seu o silêncio.
É sua solidão.
É seu o branco.
Parafraseando: 'Bartleby se encontrava voltado a parede branca do escritório. Aquilo era um ato quase que político que dizia não quero nada disso (aponta para trás, a atriz), quero isso que é nada.' (Denise Stoklos)
Eu preferi não.
Sou muito marrom.
Nara Marques 23/11/11
"Se eu pudesse parar os elementos Se eu pudesse trazer paz ao mau tempo
Niilismopelodicionário Aurélio: Redução ao nada, aniquilamento. 2-Descrença absoluta. 3-Filos. Doutrinasegundo a qualnada existe de absoluto. 4 Et. Doutrinasegundo a qualnão há verdademoralnemhierarquia de valores.
Análiserudimentarcomescassoembasamento filosófico (auto-filosofia) sobre a trajetória da ignorânciareligiosa passando peloagnosticismo, alcançando a luz do ateísmo e findando no niilismo (podendo seresteobsessivoousimplesmente se limitar ao “achismo teórico”), sendo tal, independente da forma, umgrau desesperador da descrençaem geral.
Todadescrençanão se limitando ao famoso “deus” começacomumquestionamento, pois se há umquestionamentosobre uma “pseudo” verdadepostulada é porque esta não cabe a qualquersituação vivencial, não se enquadra às questões de existência. Emresumo: se com o questionamentonão suprirmos as taisquestões existenciais e se ainda houver umsentimento de revolta e vergonhaporrespostas malfadadas, o homem dá o primeiropassoparasair da caverna; seupescoço mexe em várias direções e as sombrasnãosãomaissuficientesparaentender/explicar o queele é, seunicho, seuhabitat.
O homemnãovêmaissentidoemculpar o curso do mundo e de suavida a algoinexplicável e imensuravelmente “superior” (?). Umsentimento de ignorância e covardia: se não se pode comtalsituação a culpa é da metafísicasuperiorque, apesar de ser a representação do bemsupremo, trabalhacom o métodoarcaico de ‘sofrerparaentender’ seulugar no universo. O calvário existencial para uma eternidade de glória, amor e anjossaltitantesqueninguém sabe se existe.
O paradoxo da metafísica: umdeusbondosamenteterrível; uma velaparavelar.
Taispensamentos adicionados à educaçãoreligiosa trazem umsentimento, a princípio, do medo de negar essa pseudoverdade generalizada, atémesmoporquecomela a responsabilidadenão é totalmentehumana: deus quis assim! (reparte-se a culpa, a dor, as alegrias, os medos etc).
Vai querealmente existe umAlém, além da vida e comtaispensamentospecaminosos pararei no último e maisvingativoanel do limboou, parausarumtrocadilho, umpoucomaisalém (sacou, além...) ondeeu vire uma árvoreeternamenteemchamas numa areiamovediçaquenãochega ao fim, comoumburaconegro. Oupior, se meucastigo for metornareternamente uma cabeçapensante (que merda) e Dante nãoconsigamesalvar?
O medo é normal, porémnão suplanta o questionamento e assim chega-se ao agnosticismo, que se pode definir: se existe... pode existir, ounão, não sei. Não aprovo, não comprovo, nem desaprovo e não acredito, masnão desacredito.
Missas, velas, novenas, sessões de descarrego, terapia do amor.
Resumindo: não sei, pode serquesim, pode serquenão.
Pronto, já se está desamarrado. Atéentão, emmomentos de fraquezaainda havia recaídamaslogo se verá que de nada adiantará.
Da crença ao medo e ao agnosticismo vão-se anos, é umprocessoque exige vivência, teoria, filosofia, retirada de rótulos sócias internalizados, porém de agnóstico ao ateu é bemmaisrápido, poisnão dá paraviversem se decidir.
Tal é o momento: vi, tenho quemeposicionar, então... Agnóstico é umcrenteemcima do muro, quasedescrentemasqueaindaguarda uma insegurança. Então se admite umateísmo de contrato, paranão admiti-lo porsisó.
O ateísmo é o estágio do desprendimentototal do seusermetafísico. Não, vocênãoVIRASATÂNICO, pois é necessáriopara a existência de umdemônio, crer na existência de deus. Assim funciona o maniqueísmo, não existe sem uma das partes, é a eternaluta do bemcontra o mal.
Esse é o equilíbrioterreno: nemtudo é absolutamenteruimnemabsolutamentebom, logonão é necessárioacreditaremforçasextremamentemaiores regendo a vida de cadaum, e culpá-las tantopelaglóriaquantopeladesgraça de alguém.
Não há o absoluto, o universo se rege porsuas próprias leis. Não foi criado, existe. Entãonão há comocontestartalsituação. Não há o designinteligente.
A únicacoisacrível é o existir. Existimos (e isso se limita a nósmesmos). Se existisse umdeus, como disse Einstein, logicamente elenão jogaria com a Terra (nemdados, nemxadrez, nemnada...)
A vida se rege tambémporsisó. Leis da selva, leisnaturais e a eternidade se resume a continuação de suavida, através de herdeirosque levam consigoparte de vocêcommaisoutraparte de alguém – atéentãoestranho – masquetambém faz parte de você.
O ateísmotetira da caverna. Não há o malsupremo, poisnão há comoter o bemsupremo. O que há sãocoisas erradas, mal administradas, pessoas erradas, (errospassíveis de discussão, poiscomogeneralizar o que é erro?), sistemas errados quenão condizem com as leisnaturais e universais de existência. Alcança-se comtaisdevaneiosumequilíbriomenosinsano do queaquelecom uma hierarquiadivinapassível de temor, alcança-se, talvez, até uma segurança de que a vida se resume a viver, cadadia, de cadavez, sempensar no céuou no limbo e similares, poisnão há indícios de taislugares. O que há realmente, porenquanto, é a terra, a lua, o sol, estrelas (essas tambémnão há, o que há sãoreminiscências de suaexplosão, resto de luzpeloespaço, olhem só... há espaço, há vácuo e o universovisível).
É ai que entra o niilismo: existem coisas, estas nãosão aniquiladas, é necessário a moraluniversal e naturalpara a concessão da ordem. Há objetivospara uma vidaexistencialista: paraqueparte de você veja o que é o mundo, paraque o mundo veja o quevocê é e foi. Ser, estar, permanecer, ficar (verbos de ligação). É verdadequenão é necessário uma hierarquia de valores e sim o mantimento da ordemnatural.
O niilismo é umestágio pós-ateísmo, comtalvisãogeralmente a existência perde o sentido. Vê-se que as leis do universonãosão respeitadas e sentidas. Uma afasia, apatia, toma o corpo. Umsentirnada... o universo é belo, as pessoasquenãosão.
O niilismo é o ponto do nada. Isso pode gerarconseqüênciasirreparáveiscomo a supressão da existência (própria ao dos outros) – no limite.
Nesse estágionadaque é humano surpreende mais. ¬¬
Assim tem-se umbreveresumo dos caminhos da descrençametafísica (nemsempresãoesses) e o encaminhamento para o crível da eternidade fisicamente limitada existencialista, num reconhecimento de quesão os homens os únicosresponsáveisporsuasvidas, logicamente cerceado porcoincidências, acasos, oportunismos, acidentes, (im)probabilidades infinitas – quenão é culpanem de Deusnem de seusDiabos. Issotorna a vidaviva, assimcomo a própriavida pe uma acidente causado por montículos de moléculas orgânicas que se explodiram emnós.